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Hoje vamos postar aqui uma crônica de João Ubaldo Ribeiro, o atual dono da Cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras.

Não estou preparado

João Ubaldo Ribeiro

Sou do tempo em que (aliás, sou do tempo de qualquer coisa antiga em que vocês pensem aí, venho descobrindo isso cada vez mais rápido) gordura e barriga eram vistas de maneira muito diversa da de hoje. O gordo era forte e, se bem que as tetéias (ou peixões, ou uvas, ou sereias ou tantas outras gírias que já designaram as boazudas) não fossem gordas, magrinhas como as que hoje estão na moda não fariam muito sucesso. Mulher tinha de ter carne e, preferivelmente, seguir o modelo violão.

Jejuo em competência para falar no assunto, pois, ai de mim, nunca passei da marca de amador esforçado, nesse como em tantos outros terrenos. Mas, como acredito haver companheiros ou colegas meus entre vocês, bem como curiosos que queiram saber como se passa a vida na hoje chamada – xingo o primeiro que usar essa expressão em relação a mim – “bela idade”, continuo um violonista convicto, como continuam os de minha faixa etária, na sondagem informal que vivo fazendo. Parece haver qualquer coisa na malhação de hoje em dia que não deixa a cintura afinar, ou então estreita os quadris. Aí o tronco da mulher erecta (é só da mulher que estou falando), silhuetado, parece um retângulo sem graça e sem mistério. O fato é que a mulher violão legítima, padrão nacional, está em desuso, ostracismo mesmo, mais uma vítima da globalização, mais uma sombra que gradualmente se esvai no passado e que, no futuro, todo mundo talvez esqueça que existiu.

Conversa de velho, dirão as que porventura se sentirem atingidas. Certo, certo, mas nem por isso menos verdadeira. Aliás, pelo contrário, ainda mais verdadeira exatamente por isso, porque traz em si, entre as mentiras que contou e experiências reais que sua memória hoje enevoada já não distingue, a experiência do velho, tanto assim que reza antigo provérbio árabe que “quem não tem um velho que procure comprar um”. Que é que vocês estão pensando? Tem muito velho por aí em melhor forma do que a maioria dessa juventude criada com hambúrgueres e pizzas. A velhice está na cabeça, etc., etc.

Bem, chega de mentiras que mal consolam e reconheço que as linhas acima foram um nariz-de-cera, embora sem querer. Eu ando tendo uns ataques de aparente demência senil e aí começo a querer repetir essas bobagens, fazendo força para acreditar nelas. Tenho mais é que seguir os conselhos de Zecamunista, lá de Itaparica, que já passou dos 70 e me falou de sobrolho severamente franzido, no bar de Espanha.

– Não importa o que lhe digam – sentenciou ele -, idade só ensina uma coisa básica, uma única coisa: idade é uma merda. E, quanto mais velho você fica, mais isso se radicaliza. Eu tenho a impressão de que, se por um acaso, o sujeito envelhecesse até uns 200 anos, cheio de achaques, claro, mas vivo, só diria isso. Sintetiza toda a sabedoria acumulada pela raça humana ao longo de milênios, tudo pode ser resumido nela. Se eu fosse Jorge Luís Borges, escrevia uma história sobre isso. Eu, que só tenho 70, já estou compreendendo isso, quanto mais um cara de 200 anos. A idade só leva vantagem sobre a alternativa, que também é uma merda. Enfim, somado tal com qual, isso menos aquilo, noves fora lá e cá, tudo junto é uma merda só. Aliás, o merdismo, como podemos chamar essa nova visão filosófica…

Felizmente Zecamunista é um orador que facilmente entra em transporte espiritual e, quando nesse estado, não vê nada ou ninguém em torno, de maneira que pude sair sem ter que assinar a ata de fundação da primeira academia merdologista do Brasil, que é bem capaz de ele ter fundado, lá em Itaparica. E novamente, já um tanto envergonhado dos colegas de profissão e pouco tendo para explicar ao editor, reconheço que, nas linhas acima, só fiz encompridar o nariz-de-cera. Chega disso, não preciso desses recursos baratos, só entrei nessas para ajudar os professores de jornalismo a mostrar a seus alunos o que é um nariz-de-cera, eu faço qualquer coisa pela educação da juventude.

Mas, sim, chega disso. Meu assunto é bem outro. É que, no meu tempo, havia, em certas damas, declarada admiração por barrigas masculinas. Nos rapazes tipo esses moços, pobres moços, ninguém achava nada demais uma barriguinha e, ao contrário, havia alguns barrigudos na faculdade que faziam enorme sucesso com as mulheres, em época na qual fazer sucesso com as mulheres dava muito mais trabalho do que hoje. E, para homens bem estabelecidos na vida, já mais maduros, acho que até a falta de barriga era notada. Um comendador sem barriga era incogitável, o mesmo podendo ser dito de um amante rico. Até nas caricaturas isso era retratado.

Não estava, pois, preparado para o que vem aí. A malha médica, que fecha seu implacável cerco cada vez mais assiduamente, a ponto de eu descobrir todo dia um órgão novo que não sabia que tinha, deu para fazer umas reuniões confabulatórias até com minha família e, repentinamente, minha barriga surgiu. Quer dizer, ela estava aí mesmo, onde se encontra no momento, mas na dela, procurando, acho eu, passar tão despercebida quanto possível.

Me mediram todo, me pesaram todo, trocaram mensagens cifradas e, enfim, resolveram que minha barriga é a responsável por tudo o que me aflige e aflige a família e amigos próximos. Eu nunca tinha sabido que pular a marca dos não sei quantos centímetros de barriga era capaz de causar tanta doença. Diabete é inevitável, assim como uns dois enfartes por semestre. Suspeito até que fiquei careca por causa da barriga. Vou ter de passar fome. Já comecei, aliás. A doutora me consolou, explicou que não era tão mau assim e ia até ter efeitos positivos na minha percepção do universo feminino. Como assim, o sofrimento para manter a boa forma? Han-han, disse ela, TPM mesmo.

Fonte: O Globo (RJ) 3/8/2008

Dia desses fui almoçar em um novo endereço gastronômico da cidade. O lugar foi inspirado em Mário Quintana, um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Olhando pelas paredes, lendo seus poemas, vi um que gosto muito. Chama bilhete. Simples, curto, mas que diz muito. Ele mesmo definia sua poesia como emotiva, “é a luta amorosa com as palavras”, disse certa vez. Deve ser por esse apelo emocional – que costuma prender a atenção dos leitores, que seus poemas já passaram por quatro gerações. E, parafraseando o poeta, jornalista e tradutor, “Um poeta é bom quando um leitor diz é assim mesmo que eu sinto”. E quem consegue dar mais ritmo, forma e estilo à língua portuguesa do que os poetas?

Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda…

Da Felicidade
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Se pararmos para analisar esses e outros poemas e poesias de Quintana percebemos o quanto ele diz, sempre em poucas palavras. O estilo lacônico – breve e conciso de escrever, vem desde a sociedade espartana até os textos de jornais do século XXI. A ordem é passar o maior número de informações com o menor número de palavras. Um texto ficará mais elegante, com o uso de palavras de peso, que expressem idéias, opiniões e percepções. Nesse caso, o menos é mais. Ser prolixo está cada vez mais “fora de moda” na linguagem jornalística, empresarial e do dia-a-dia. As pessoas têm pouco tempo para lerem uma reportagem ou até mesmo um email de trabalho. Portanto, pratique escrever pouco, corte palavras desnecessárias e, assim como Quintana, vá direto ao ponto.

Por Roberta Braga

Estudar outros idiomas é essencial para não passar apuro quando precisar se comunicar com estrangeiros seja por motivos profissionais ou em uma viagem de turismo. É sempre interessante saber pelo menos um idioma além do seu. Entretanto, não basta aprender um idioma, é necessário praticar.

É natural mesmo com a prática, perceber um pouco – ou muito, de sotaque na pronúncia. Se estiver atento poderá, por exemplo, notar algumas diferenças do espanhol falado por um gaúcho, um nordestino ou um carioca. Isso também ocorre com outros idiomas, como o inglês falado por brasileiros, que poderá ter diferenças no sotaque se comparado ao falado por outros latinos que têm como língua de origem o espanhol.

Então o que fazer para perder ou minimizar esse sotaque da nossa língua de origem ou região onde vivemos? Praticando, claro. E não é difícil estar em contato com outros idiomas, principalmente o inglês e o espanhol. Aí vão algumas dicas de como praticar o idioma que acaba de aprender. As dicas valem também para se interar da cultura de outros países, que são tão ricas quanto a nossa.

A primeira opção – e mais empolgante, é viajar. Visitar países que falam o idioma que estudou e estar em contato com os nativos da língua nos permite praticar e também “soltar a língua” e, com isso, aprender expressões do seu cotidiano. Dessa forma podemos perceber as diferenças de sotaque de região para região.

Mas, se viajar está um pouco fora das possibilidades, a sugestão é ouvir rádios de outros países pela internet, que transmitem jornalismo e músicas, e com certeza seus ouvido ficarão bem treinados. Participar de eventos, festivais e cursos realizados por estrangeiros também é outra sugestão. Terá a chance de, além de praticar o idioma, se divertir e conhecer um pouco da cultura desses países, como a música, a dança e o folclore.

Aulas de conversação também ajudam. E, para quem quer tornar a atividade mais descontraída, pode reunir os colegas e preparar um jantar para os amigos, com comidas e bebidas típicas. Outra opção é reunir o pessoal em um restaurante ou bar temático. A única regra é: falar apenas no idioma que está estudando.
E, finalmente, uma boa leitura de obras estrangeiras. Pode ser leitura de jornais ou também literaturas que podem ser encontradas em livrarias que trabalham com obras estrangeiras.

Fica aí a dica: sempre que puderem pratiquem!

Por Thais Schwartz