A língua é uma forma de comunicação mutável. Usada no cotidiano, é moldada por diversas variantes se adequando aos diferentes contextos, como por exemplo, em função do grupo social, da situação, do tempo ou da região. As variantes regionais são uma das mais curiosas, pois geram um debate sobre que região está correta ou qual a melhor forma.

Cada cidade, estado ou região brasileira possui um vocabulário próprio. São regionalismos, neologismos e gírias desconhecidas em outras partes do país e que se incorporam ao vocabulário da língua portuguesa. Assim como a diversidade culinária do país, a diversidade lingüística na culinária é bastante interessante. E nem precisa ir muito longe para perceber. Muitas vezes, basta apenas mudar de cidade para não ser entendido na padaria, no supermercado ou no restaurante.

O exemplo mais comum é na hora de comprar o alimento básico do brasileiro, o pãozinho. Pão francês para os parananeses, pão de trigo para os catarinenses e, para os baianos e gaúchos cacetinho que, por sua vez é como os alagoanos chamam um tipo de biscoito doce. E, uma das iguarias com mais maneiras para designar é a macaxeira, como é conhecida pelos nordestinos, também chamada de aipim no sul e mandioca no sudeste. Outras formas são maniva, maniveira, mucamba, pão-da-américa, pão-de-pobre e pau-farinha.

E, engana-se quem pensa que as variantes lingüísticas são exclusividades de estados afastados ou culturalmente distintos. Se você for gaúcho e for comer a carne da coxa do boi, que é preparada na panela, chamará de tatu, se for paranaense posta e de lagarto, se for paulista. Na região sul, cada estado também tem sua peculiaridade. Se estiver em Curitiba comerá carne moída, em Porto Alegre, guisado e em Florianópolis boi ralado. Até o tradicional docinho de festa ganhou um sinônimo: brigadeiro, em terras gaúchas, é chamado de negrinho (ou branquinho, para a variação branca da sobremesa).

Mas, deixe seu preconceito lingüístico de lado, pois não existe a mais correta, apenas a mais adequada – de acordo com cada contexto. Para os lingüistas as variantes regionais são mais uma forma de enriquecer a nossa língua.

Por Roberta Braga